Em busca de novos mercados, Lula recebe presidentes do Equador, Nigéria e Panamá neste mês

Em busca de novos mercados, Lula recebe presidentes do Equador, Nigéria e Panamá neste mês


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receberá neste mês, em Brasília, três presidentes para reuniões planejadas em um esforço do governo para diversificar os parceiros comerciais do Brasil.
Daniel Noboa, presidente do Equador (19/8);
Bola Ahmed Tinubu, presidente da Nigéria (25/8);
José Raúl Molino, presidente do Panamá (28/8)
As visitas começaram a ser negociadas antes do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas já em um cenário que antevia a guerra comercial iniciada pelo governo norte-americano.
Tarifaço: Lula conversa com primeiro-ministro da Índia, país também taxado em 50%
Com a estratégia, Lula visitou neste ano, por exemplo, Japão, Vietnã, China, Rússia e França. Nessa linha, o presidente planeja viagens neste segundo semestre para Indonésia e Malásia e um tour pela Índia no primeiro trimestre de 2026.
Auxiliares de Lula destacam que as viagens do presidente e as visitas de governantes ao Brasil ganharam maior relevância diante do atual cenário, no qual entrou em vigor a sobretaxa para venda de produtos brasileiros para os EUA.
O governo busca outras alternativas de mercado para os produtos afetados pelo tarifaço. A intenção também é diversificar os parceiros, para não concentrar as exportações em poucos países e evitar vulnerabilidades.
Equador
O presidente Lula deve receber em 19 de agosto o presidente do Equador, Daniel Noboa. O Equador também foi afetado pela ordem executiva do tarifaço assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas foi menos impactado que o Brasil.
O país levou uma taxa de 15% sobre os produtos exportados dos EUA, enquanto o Brasil foi taxado em 50%.
Em 2024, o intercâmbio comercial entre os Brasil e Equador foi de US$ 1,09 bilhão. Entre os principais produtos exportados para o Equador, estão: papel e cartão; veículos automóveis de passageiros; trigo e centeio não moídos; e calçados.
As principais importações brasileiras chumbo, resíduos de metais de base não ferrosos e de sucata, pescados, crustáceos, moluscos e invertebrados aquáticos, artigos de confeitaria, chapas, folhas, películas, tiras e lâminas de plástico.
É a primeira visita de Daniel Noboa ao Brasil como chefe de Estado desde que ele foi reeleito, em abril deste ano. Noboa, de 36 anos, venceu a eleição presidencial antecipada em 2023 e agora assegura um novo mandato à frente do país.
O presidente equatoriano tem defendido reformas econômicas e medidas de segurança mais rígidas em meio ao avanço da violência no país.
O governo brasileiro tem reiterado a importância da cooperação entre os países sul-americanos, especialmente em áreas como desenvolvimento sustentável, meio ambiente e comércio regional.
Daniel Noboa assumiu o poder em novembro de 2023
Getty Images via BBC
Nigéria
Já a visita do presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, está prevista para o dia 25 de agosto. Em junho deste ano, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, liderou uma missão, com empresários, à Nigéria, para ampliar as parcerias econômicas e institucionais entre os dois países. A Nigéria foi taxada em 15% pelo governo Trump.
Em julho deste ano, os presidentes Lula e Bola Ahmed Tinubu fizeram uma reunião bilateral durante a Cúpula dos Brics. A Nigéria é um dos dez países parceiros do grupo, alvo de críticas do governo dos EUA.
Na ocasião, os dois países se colocaram dispostos a aprofundar as relações bilaterais. Segundo o governo brasileiro, o presidente nigeriano mostrou interesse em estabelecer cooperação para aumentar a produtividade do setor agropecuário da Nigéria, destacando a Embrapa como referência em pesquisa e inovação agrícola.
A Nigéria é o país com maior economia e população do continente africano e é o único país da África Ocidental. Em 2024, o comércio entre os dois países somou US$ 2 bilhões.
As exportações brasileiras para a Nigéria alcançaram US$ 978,5 milhões com envio de produtos como açúcares e melaços (74%), álcoois e derivados (5,7%) e outros itens da indústria de transformação e agrícola.
Por outro lado, em 2024, o Brasil importou da Nigéria US$ 1,1 bilhão, incluindo adubos e fertilizantes (48%), óleos combustíveis e petróleo bruto (48%), gás natural (2,3%) e outros produtos da indústria de transformação.
Lula discute ampliação do intercâmbio comercial com o presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, na Cúpula do Brics
Ricardo Stuckert / PR
Panamá
O presidente do Panamá, José Raúl Molino, deve vir ao Brasil em 28 de agosto acompanhado de uma delegação empresarial.
Em uma reunião bilateral com o presidente Lula em julho deste ano, durante a Cúpula do Mercosul, na Argentina, Molino disse que apresentaria ao governo brasileiro nesta agenda oportunidades para investidores do Brasil na área de infraestrutura portuária no Panamá.
De acordo com o governo brasileiro, Molino destacou, no encontro, as possibilidades que podem ser abertas no setor de turismo e de acesso a mercados por meio do aeroporto internacional de Tocumen, conectando o Brasil com a América Central, do Norte e o Caribe.
O presidente do Panamá também mostrou interesse em adquirir aeronaves da Embraer. Lula disse apoiar, como presidente do bloco, um acordo de livre e comércio entre os dois países.
Em 2024, a corrente bilateral de comércio foi de US$ 934,1 milhões, com superávit do Brasil. As exportações brasileiras têm sido, principalmente, petróleo e produtos manufaturados.
Já as importações provenientes do Panamá, após a proibição da mineração de cobre no país, sofreram quedas substantivas, embora haja importante fluxo de produtos da indústria de transformação. O presidente Lula tem previsão de visitar o Panamá em janeiro de 2026.
O presidente Lula e o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, debatem agenda econômica e comercial bilateral durante encontro do Mercosul, na Argentina
Ricardo Stuckert/Secom-PR