Petrobras perde mais de R$ 31 bilhões em valor de mercado após resultado do 2º trimestre

Edifício-sede da Petrobras, no centro do Rio
Marcos Serra Lima/g1
Com uma queda de mais de 6% nesta sexta-feira (8), o valor de mercado da Petrobras teve uma retração de R$ 31,95 bilhões em relação ao fechamento anterior. A estatal agora vale R$ 410,24 bilhões, de acordo com levantamento da consultoria Elos Ayta.
A companhia reportou um lucro de R$ 26,7 bilhões na noite de ontem. O pagamento aprovado de R$ 8,7 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio ficou abaixo das expectativas do mercado — a XP, por exemplo, projetava cerca de R$ 12 bilhões.
Também chamou atenção dos investidores o anúncio de novos investimentos no plano estratégico, em especial a decisão do conselho de incluir a distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha.
Com isso, ambas as ações da Petrobras tiveram forte queda nesta sexta-feira:
PETR3: -7,95%
PETR4: -6,15%
“Em 2025, o ponto mais alto de valorização da Petrobras ocorreu em 20 de fevereiro, quando atingiu R$ 525,99 bilhões. Desde então, a estatal acumula uma desvalorização de R$ 115,75 bilhões, montante superior ao valor de mercado do Banco do Brasil (R$ 108 bilhões)”, diz Einar Rivero, da Elos Ayta.
“O recorde histórico, no entanto, foi registrado em 19 de fevereiro de 2024, com R$ 566,97 bilhões. Comparando com o fechamento de 8 de agosto de 2025, a perda acumulada é de R$ 156,73 bilhões, praticamente equivalente ao valor de mercado do Bradesco (R$ 155 bilhões).”
As ações da Petrobras correspondem a cerca de 10% da composição do Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira. Nesta sexta, a bolsa teve queda de 0,45%, aos 135.913 pontos.
Resultado do 2º trimestre
A Petrobras divulgou nesta quinta-feira (7) os resultados financeiros do segundo trimestre de 2025, com destaque para o lucro líquido de R$ 26,7 bilhões. Apesar da queda de 10% no preço internacional do petróleo tipo Brent, a estatal compensou o impacto com o aumento na produção de óleo e gás.
Desconsiderando eventos pontuais que não fazem parte da rotina da empresa, o lucro foi de R$ 23,2 bilhões, mantendo-se estável em relação ao trimestre anterior.
A produção média de petróleo da Petrobras no trimestre alcançou 2,3 milhões de barris por dia, alta de 5% em relação ao primeiro trimestre e de 8% frente ao mesmo período de 2024.
Segundo a Petrobras, esse avanço se deve à entrada em operação de novas plataformas e ao aumento da eficiência nos campos já existentes. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que os “investimentos em projetos de alta atratividade” estão em ritmo acelerado.
No primeiro semestre, a empresa investiu R$ 48,8 bilhões, alta de 49% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Somente no segundo trimestre, os investimentos totalizaram R$ 25,1 bilhões, com foco principalmente em projetos no pré-sal — áreas de exploração em águas profundas, como nas bacias de Santos e Campos.
Resultados operacionais e financeiros
O EBITDA Ajustado, indicador de desempenho operacional, foi de R$ 57,9 bilhões. Já o Fluxo de Caixa Operacional, que mostra quanto a empresa gerou com suas atividades, atingiu R$ 42,4 bilhões.
A Petrobras pagou R$ 66 bilhões em tributos à União, estados e municípios no trimestre e aprovou R$ 8,7 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio para seus acionistas.
Apesar do bom desempenho operacional, o lucro líquido foi 24,3% menor que o do primeiro trimestre (R$ 35,2 bilhões), reflexo da queda no preço do Brent. Ainda assim, o resultado superou amplamente o mesmo período de 2024, quando a empresa registrou prejuízo de R$ 2,6 bilhões.
Novas plataformas e descobertas
A estatal colocou em operação diversas novas plataformas, como os FPSOs Almirante Tamandaré, Maria Quitéria, Anita Garibaldi, Anna Nery e Alexandre de Gusmão. Juntas, essas unidades adicionaram 270 mil barris diários à capacidade de produção.
Além disso, a Petrobras confirmou a descoberta de petróleo de alta qualidade no pré-sal da Bacia de Santos e adquiriu novos blocos exploratórios em várias regiões do Brasil e também na Costa do Marfim.
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Arte g1
No setor de refino, a empresa reativou a fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados e concluiu obras relevantes em refinarias como a RNEST e a REPLAN. A capacidade de produção de derivados, como diesel e querosene de aviação, foi ampliada, com foco em combustíveis mais limpos.
Na refinaria RNEST, por exemplo, foram assinados contratos para a conclusão do Trem 2, que deve dobrar sua capacidade até 2029. Já a REPLAN aumentou a produção de diesel S-10, contribuindo para a substituição gradual do diesel S-500, mais poluente.
A dívida bruta da Petrobras atingiu US$ 68,1 bilhões em junho, alta de 5,5% em relação ao trimestre anterior, principalmente devido ao arrendamento de novas plataformas.
Com os investimentos e as melhorias operacionais, a empresa espera encerrar o ano com produção média de óleo e gás no limite superior da meta estabelecida.
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