Tarcísio diz que ‘coragem’ nunca faltou a Bolsonaro e que seguirá ao seu lado

Governador Tarcísio de Freitas diz que ‘coragem’ nunca faltou ao ex-presidente Jair Bolsonaro após ser alvo de ação da PF.
Montagem g1/Raul Luciano/Ato Press/Estadão Conteúdo/Adriano Machado/Reuters
Após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de falar com autoridades estrangeiras e o obrigá-lo a usar tornozeleira eletrônica, o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), disse nesta sexta-feira (18), em uma rede social, que “coragem” nunca faltou ao ex-presidente e que seguirá ao seu lado.
Coragem é um atributo que quem conhece Jair Bolsonaro sabe que nunca lhe faltou. Não faltou quando atentaram contra a sua vida. Não faltou para lidar com as crises sem precedentes que este país passou quando ele era presidente. Não faltou para defender a liberdade, valores, ideais e combater injustiças. E não vai faltar agora, pois ele sabe que estamos e seguiremos ao seu lado.
Aliado de Bolsonaro, Tarcísio é um dos principais nomes cotados no campo da direita para disputar a Presidência da República no ano que vem.
Em sua postagem, o governador afirmou ainda que não conhece “ninguém que ame mais este país, que tenha se sacrificado mais por uma causa, quanto Jair Bolsonaro”.
E acrescentou que não imagina “a dor de não poder falar com um filho. Mas se as humilhações trazem tristeza, o tempo trará a justiça”.
Tarcísio defendeu pacificação para haver equilíbrio e paz social. “Não haverá pacificação enquanto não encontrarmos o caminho do equilíbrio. Não haverá paz social sem paz política, sem visão de longo prazo, sem eleições livres, justas e competitivas. A sucessão de erros que estamos vendo acontecer afasta o Brasil do seu caminho”, escreveu.
Ele concluiu a postagem dizendo “força, presidente”.
Tarcísio se manifesta no X em apoio a Bolsonaro
Reprodução/X
Decisão do STF
Por determinação do STF, além de passar a usar tornozeleira eletrônica, Bolsonaro está proibido de sair durante a noite. Ele também não pode usar redes sociais, se aproximar de embaixadas e conversar com outros réus e investigados pela Corte.
Bolsonaro foi levado pela Polícia Federal para colocar a tornoneleira por conta de uma decisão do ministro Alexandre de Moraes.
Para o magistrado, o ex-presidente confessou de forma “consciente e voluntária” uma tentativa de extorsão contra a Justiça brasileira e que agiu com o filho Eduardo para “interferir no curso de processos judiciais”.
➡️ A Procuradoria-Geral da República (PGR) considerou que a “concreta possibilidade de fuga” de Bolsonaro foi um fator determinante para a adoção das medidas cautelares.
Após a instalação da tornozeleira, Bolsonaro classificou a investigação contra ele como política e se disse humilhado: “Nunca pensei em sair do Brasil ou ir para embaixada”.
A defesa do ex-presidente afirmou que recebeu a decisão com “surpresa e indignação” a imposição de medidas cautelares classificadas como “severas”
Bolsonaro com tornozeleira eletrônica
João Raimundo/TV Globo
Operação
As buscas ocorreram no âmbito de uma investigação aberta no STF na última sexta-feira (11), dois dias depois do anúncio do tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
➡️ O presidente americano, Donald Trump, justificou a medida com argumentos políticos, como o julgamento enfrentado por Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Na noite desta quinta-feira (17), ele publicou nova carta criticando a Justiça brasileira.
Segundo Moraes, Bolsonaro condicionou publicamente o fim das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos à sua própria anistia, em declaração feita durante entrevista coletiva nesta quinta.
A PF apreendeu um pendrive escondido em um banheiro da casa de Bolsonaro, segundo agentes informaram ao STF. O material foi levado para o laboratório da PF e será periciado pela polícia científica.
Também foram encontrados aproximadamente US$ 14 mil e R$ 8 mil na casa do ex-presidente. Ter dinheiro em casa não é ilegal, mas é preciso declarar à Receita Federal valores acima de US$ 10 mil se a pessoa entrar ou sair do país com essa quantia.
Segundo apuração da TV Globo, o processo apura crimes de coação no curso do processo, obstrução e ataque a soberania. Somadas, as penas máximas dos crimes listados podem chegar a 20 anos de prisão. Entenda os crimes atribuídos ao ex-presidente.
Os mandados foram cumpridos na casa do ex-presidente, em Brasília, e em endereços ligados dele no Partido Liberal (PL), legenda de Bolsonaro.
A Polícia Federal comunicou ao Supremo que apreendeu a cópia da petição inicial da ação que a plataforma de vídeos Rumble move contra Alexandre de Moraes.
As empresas acusam Moraes de censura e pedem que ordens do juiz brasileiro para derrubada de contas de usuários do Rumble não tenham efeito legal nos EUA.
Ex-presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa no Senado, em 17 de julho de 2025
Reuters/Adriano Machado
Medidas cautelares
Na decisão, Moraes impôs as seguintes medidas cautelares ao ex-presidente:
uso de tornozeleira eletrônica;
recolhimento domiciliar entre 19h e 6h e finais de semana;
proibição de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros;
proibição de se comunicar com outros réus e investigados;
proibição de acesso às redes sociais.
Manifestações nas redes sociais
Parlamentares usaram as redes sociais para reagir à operação nesta manhã. Inclusive, os filhos do ex-presidente, Eduardo e Flávio Bolsonaro.
Eduardo, que está licenciado do mandato de deputado federal, fez uma publicação em inglês.
Ele afirmou que o ministro Alexandre de Moraes “dobrou a aposta” após a divulgação, no dia anterior, de um vídeo de Jair Bolsonaro direcionado ao presidente Trump. Também detalhou as restrições aplicadas ao pai.
O senador Flávio também publicou um texto ao lado de uma foto com Jair Bolsonaro. Na legenda, escreveu: “Fica firme, pai, não vão nos calar! A proposital humilhação deixará cicatrizes nas nossas almas, mas servirão de motivação para continuarmos lutando pelo nosso Brasil livre de déspotas”.
“Proibir o pai de falar com o próprio filho é o maior símbolo do ódio que tomou conta de Alexandre de Moraes para tomar medidas totalmente desnecessárias e covardes”, prosseguiu.
Veja as repercussões na íntegra aqui.