Haddad manda indireta a Tarcísio em discurso: ‘A gente não celebrava ataque estrangeiro ao Brasil’
Fala ocorre após o governo americano, liderado por Donald Trump, anunciar a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Tarcísio e Gleisi se manifestam sobre tarifa de Trump
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), aproveitou um evento público no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (10) para alfinetar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no contexto do tarifaço anunciado por Donald Trump contra o Brasil.
Sem citar diretamente o nome de Tarcísio, Haddad fez uma distinção a postura atual de aliados do ex-presidente com a conduta de ex-governadores paulistas, como Geraldo Alckmin, hoje vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio.
A fala ocorre após o governo americano, liderado por Donald Trump, anunciar a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida foi endossada publicamente por Eduardo Bolsonaro, que agradeceu a Trump nas redes sociais.
“Então eu queria chamar a atenção, porque o presidente Alckmin já tem inovado e modernizado a gestão pública, já fez isso muitas vezes, nas quatro vezes que liderou o estado de São Paulo. Naquele tempo, a gente não celebrava ataque estrangeiro ao Brasil. Mas hoje como ministro do Desenvolvimento trás uma bagagem de experiência e procura observar as boas práticas e adota-las onde ele está liderando o processo”, afirmou Haddad.
Nas redes sociais e em discursos, políticos de oposição, como Tarcísio, têm tentando emplacar a versão de que Trump aplicou o tarifaço por culpa de provocações de Lula.
O governo, por sua vez, afirma que a estratégia do tarfiaço tem motivação política — pressionar o governo e o Judiciário brasileiros — e foi inflada pela família Bolsonaro.
O ex-presidente Jair Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Trump, na carta que anuncia o tarifaço, diz que Bolsonaro é vítima de perseguição.
Fala de Tarcísio
Mais cedo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), comentou o tarifaço anunciado por Donald Trump e afirmou que a medida terá impacto negativo para a economia paulista. “O impacto é negativo, porque, como eu falei, São Paulo é um grande exportador. O maior destino de exportações industriais do Estado de São Paulo são os Estados Unidos”, disse, durante um evento sobre as obras do Metrô.
Tarcísio destacou que empresas estratégicas serão afetadas, como a Embraer, que recentemente fechou contratos relevantes com o mercado americano. Segundo o governador, a imposição de tarifas pelo governo dos EUA é “deletéria” para o estado, por atingir diretamente cadeias industriais relevantes.
Apesar disso, Tarcísio adotou um tom crítico em relação ao governo federal. Nas redes sociais, afirmou que a responsabilidade pelas tarifas é da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, segundo ele, colocou “sua ideologia acima da economia”. Ainda de acordo com o governador, o governo petista não pode transferir a culpa para Jair Bolsonaro, seu antecessor.
“O que a gente precisa é sentar na mesa, deixar de lado as questões ideológicas, deixar de lado as questões políticas, o revanchismo, as narrativas, e trabalhar. Precisamos estabelecer uma mesa de negociação”, afirmou o governador, dizendo que seu governo já está em diálogo com a embaixada americana.
A fala de Tarcísio provocou reações imediatas no governo federal. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu as declarações afirmando que “quem está colocando ideologia acima dos interesses do país é o governador Tarcísio e todos os cúmplices de Bolsonaro que aplaudem o tarifaço de Trump contra o Brasil”.