Tribunal dos EUA aprova ‘sem objeção’ pedidos da Azul para recuperação judicial em 2ª audiência, diz companhia

Tribunal dos EUA aprova ‘sem objeção’ pedidos da Azul para recuperação judicial em 2ª audiência, diz companhia


Em segunda audiência realizada nesta quarta (9), a corte americana aprovou 20 petições da companhia, que já haviam sido concedidas na primeira audiência em 29 de maio. Audiência final está prevista para dia 15. Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas
Azul/Divulgação
O Tribunal dos Estados Unidos responsável pela supervisão do processo de reestruturação financeira da Azul concedeu, nesta quarta-feira (9), aprovação final a todas as petições da companhia aérea, durante segunda audiência. As informações foram confirmadas pela assessoria da companhia de aviação.
Em nota, a Azul informou que “não houve qualquer objeção” por parte da corte americana e que a aprovação dos pedidos “garante a continuidade do processo, como planejado pela Companhia, na trajetória rumo a uma reestruturação bem-sucedida para transformar o futuro da Azul”.
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Ao todo, vinte pedidos tiveram aprovação final pela corte americana. Na primeira audiência, realizada em 29 de maio em Nova York, as petições já haviam sido aprovadas interinamente.
O plano prevê financiamento de US$ 1,6 bilhão e ainda redução de 35% da frota, que se trata de uma devolução de modelos de aeronaves antigos. De acordo com a empresa, eles já deixaram de ser usados;
O processo prevê mais audiências para tratar de outros tópicos. Segundo a assessoria da companhia, a próxima audiência está prevista para o próximo dia 15.
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Relembre o caso
A Azul entrou com pedido de recuperação judicial, aprovado há 40 dias na Justiça dos Estados Unidos.
Em maio, a companhia aérea, que tem o principal hub em Campinas (SP), entrou com pedido de proteção sob o Capítulo 11 da Lei de Falências — mecanismo semelhante à recuperação judicial no Brasil. O objetivo é garantir a operação enquanto tenta eliminar uma dívida que chega a aproximadamente US$ 2 bilhões.
De acordo com informações do Tribunal dos Estados Unidos, o mecanismo permite que a empresa devedora mantenha todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, obter um novo empréstimo, o que já foi definido na primeira audiência da recuperação judicial.
Azul detalha redução de frota e diz que recuperação judicial não terá impacto aos clientes
Como está recuperação judicial da Azul até agora?
A primeira audiência de recuperação judicial aconteceu em 29 de maio, e a segunda aconteceu em 9 de julho, ambas nos Estados Unidos;
Nelas, o plano de recuperação judicial da empresa foi aprovado, e com isso, a Justiça autorizou um financiamento de US$ 1,6 bilhão; a aprovação final deve acontecer na próxima audiência, prevista para 15 de julho.
Segundo o vice-presidente institucional da Azul, a ideia é usar parte do capital para ‘comprar’ parte da dívida e outra parte para custear a operação no período;
O plano prevê ainda redução de 35% da frota, que se trata de uma devolução de modelos de aeronaves antigos. De acordo com a empresa, eles já deixaram de ser usados;
O plano de recuperação judicial da Azul contém 20 pedidos, que foram aprovados pela Justiça norte-americana;
A empresa garante que o processo não vai afetar a operação da companhia e nem impactar clientes;
Segundo a Azul, não haverá demissões;
Objetivo geral é reduzir significativamente o endividamento e gerar caixa.
Redução de 35% da frota
À época da primeira audiência, o vice-presidente institucional da Azul, Fábio Campos, detalhou a redução de 35% na frota. A maioria dos aviões é da categoria Embraer E-1.
“Isso não quer dizer uma redução. Boa parte desses aviões são aviões que já estavam paradas por falta de motores, ou falta de peças e por isso já não estavam atuando na frota da Azul. Outra parte desse número na verdade são pedidos futuros, pedidos de aeronaves que viriam em 2027, 2028 e 2029, e que a Azul vai renegociar nesse processo de reestruturação financeira. A ideia é voar cada vez mais com aeronaves de última geração”, explicou.
Segundo a companhia, as devoluções visam otimizar as operações com menor custo, com modelos novos, mais econômicos, que seriam incorporados enquanto contratos de leasing (aluguel de aeronaves) seriam encerrados.
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‘Sem impacto para clientes’ e ‘sem demissões’
Segundo o vice-presidente da Azul, o processo de recuperação judicial não terá impacto para os clientes e a operação seguirá normalmente, sem nenhuma alteração.
“A empresa já ingressou no seu processo de reestruturação e a nossa operação segue normal. Tudo será honrado em relação aos nossos clientes. A empresa segue operando com o nosso valor número 1 que é a segurança. Nada será afetado em relação à segurança dos clientes”, disse.
Além disso, Campos garantiu que a empresa não prevê, mesmo com a recuperação judicial em curso, fazer pacotes de demissão em massa. “Nossa prioridade é 100% esse processo nos Estados Unidos, mas não prevemos nenhuma ação de corte, como demissões, por exemplo”, pontuou.
Reduzir dívida e gerar caixa
A Azul informou que o objetivo da medida é reduzir significativamente o endividamento da companhia e gerar caixa.
Segundo a aérea, o processo de recuperação nos Estados Unidos “permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”.
A empresa também destacou que a medida conta com o apoio de seus principais stakeholders, incluindo detentores de títulos, sua maior arrendadora, a AerCap, e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.
Pandemia, cadeia de suprimentos…
Em comunicado aos investidores, John Rodgerson, CEO da Azul, atribuiu as dificuldades financeiras da companhia à pandemia de Covid-19, às turbulências macroeconômicas e aos problemas na cadeia de suprimentos da aviação.
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Em nota, o Ministério dos Portos e Aeroportos disse que “acompanha com atenção o processo de recuperação judicial da companhia aérea Azul”.
O governo acredita que a reestruturação será bem-sucedida, como ocorreu com outras empresas do setor, como Latam e Gol. O ministério reforçou que segue monitorando o setor aéreo e oferecendo apoio institucional às companhias.
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Problemas recentes
O processo de recuperação judicial é mais um episódio de problemas recentes aos quais a companhia conviveu no último ano. Entre eles, estão a suspensão de rotas no Brasil e cancelamentos de voos.
Além disso, a aérea fez uma negociação com credores para eliminar R$ 11 bilhões em dívidas. Em entrevista ao g1 em janeiro, o CEO da empresa, John Rodgerson, disse que o acordo deixaria a companhia mais “forte do que nunca” e apontou corte de custos, falta de peças e dólar alto como razões para as suspensões e cancelamentos. [veja no vídeo acima]
“Não vou continuar voando onde estou perdendo dinheiro. Então, como qualquer empresário, você aloca seus recursos da melhor forma possível”, disse na ocasião.
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Avião da Azul decola do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
Ricardo Moraes/ Reuters
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