Horário de verão: ‘Torcemos’ para que não seja necessário, mas não está ‘descartado’, diz ministro

Segundo Alexandre Silveira (Minas e Energia), governo tem feito estudos sobre o tema. ONS recomenda retomada do horário de verão em razão do período seco. Horário de verão foi extinto pelo governo de Jair Bolsonaro em 2019
Getty Images via BBC
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta quarta-feira (9) estar “torcendo” para que uma volta do horário de verão não seja necessária, mas acrescentou que a possibilidade de retomada da medida não está descartada.
🕑Segundo Alexandre Silveira, o governo tem feito estudos sobre a retomada da medida em razão do período de menor volume de chuvas no país, mas que os últimos relatos são positivos e apontam aumento da capacidade hídrica nas regiões Sul e Sudeste.
“Então, torcemos para que não precise, mas é só uma análise a ser feita no momento adequado, normalmente no final de agosto, início de setembro”, declarou.
“Nunca está descartado. Hoje nós dependemos muito da questão hídrica, muito importante para ver quando vai chover, se demorar muito a chover. E ter o horário de verão que é uma forma da gente diminuir a demanda no horário de pico”, acrescentou.
⌚Procurado pela TV Globo, o Ministério de Minas e Energia afirmou que o retorno do horário de verão é tema “permanentemente avaliado pela pasta”.
Uma decisão final sobre a volta do horário de verão caberia ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A medida divide opiniões na população. Em 2024, a ideia chegou a ser debatida, mas não foi colocada em prática.
Recomendação do ONS
Será que o horário de verão vai voltar?
Em maio, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou, no Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), uma recomendação para a adoção do horário de verão no país.
O objetivo seria “mitigar possíveis déficits de potência [energética] no período seco”, diz o texto.
“A depender das projeções de atendimento para os próximos meses, a adoção do Horário de Verão pode, eventualmente, ser recomendada ao CMSE como uma ação imprescindível”, completa o ONS.
Segundo o ONS, o horário de verão ajuda a aumentar o aproveitamento das fontes de energia solar e eólica, além de reduzir a demandas.
Desde a sua adoção, que passou a ser anual a partir de 1985, o horário de verão tem a intenção de promover uma economia no consumo de energia, uma vez que as pessoas teriam mais tempo de luz natural.
No entanto, por conta da mudança de comportamento da sociedade, a medida foi deixando de ser eficaz. Até que, em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) suspendeu o adiantamento dos relógios.
A medida volta a ser discutida não por sua eficácia para economizar energia, mas por ser uma alternativa de aproveitamento da geração de energia solar, reduzindo o acionamento de termelétricas – mais caras e poluentes.
💡 No início da noite, a geração de energia solar cai por causa da falta de sol. Mais tarde, durante a madrugada, a geração eólica sobe porque há maior incidência de ventos.
💡 No intervalo entre a queda da solar e o aumento da eólica, há um pico de consumo que precisa ser suprido por energia hidrelétrica ou térmica.
Com as medidas para poupar os reservatórios das usinas hidrelétricas, por causa da seca, é necessário acionar mais termelétricas para atender ao pico de consumo.
Ao adotar o horário de verão, o pico de consumo é deslocado para o horário com mais geração solar, reduzindo a necessidade de complementar a geração com mais usinas térmicas.
O ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) durante o evento Gas Week em Brasília
Claudio Braga