Com Milei de anfitrião, Lula participa de cúpula do Mercosul; Brasil assume a presidência do bloco

Com Milei de anfitrião, Lula participa de cúpula do Mercosul; Brasil assume a presidência do bloco


Prioridade do Brasil à frente do Mercosul é assinar o acordo comercial com a União Europeia. Lula faz na primeira viagem a Buenos Aires após a posse de Milei. Lula cumprimenta Milei ao chegar para Cúpula do Mercosul na Argentina
Com o presidente da Argentina, Javier Milei, como anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta quinta-feira (3), em Buenos Aires, da reunião de cúpula do Mercosul.
Ao final do encontro, Lula recebe de Milei o comando do bloco, pelos próximos seis meses.
🌍Pelas regras do Mercosul, há um revezamento semestral na direção do grupo formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — a Bolívia está na fase final do processo de adesão.
Esta é a primeira viagem de Lula à Argentina desde a posse de Milei, em dezembro de 2023. Apesar das relações diplomáticas de proximidade entre os países, os dois presidentes ainda não tiveram uma reunião reservada de trabalho e costumam trocar críticas (entenda mais abaixo).
Lula na Cúpula do Mercosul em Buenos Aires
Reprodução
Na chegada à solenidade, Lula foi recebido pelo anfitrião, assim como os demais chefes de Estado, conforme determina o protocolo, e os dois trocaram apertos de mão cordiais (veja no vídeo acima).
Diante das divergências ideológicas dos presidentes, Brasil e Argentina mantêm uma relação pragmática desde a posse de Milei, conduzida pelas respectivas chancelarias e demais ministérios.
Mercosul-União Europeia
À frente do Mercosul até o final de dezembro, Lula já adiantou que pretende intensificar as tratativas para assinar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, cuja negociação se arrasta há mais de duas décadas.
🔎Se o acordo for ratificado, ele irá criar a maior zona de livre comércio do mundo. Porém, depende da aprovação dos países integrantes dos dois blocos para entrar em vigor.
O principal entrave no momento está entre os europeus. A França, por exemplo, critica o acordo por entender que poderá prejudicar seus produtores rurais.
Lula acredita que o cenário internacional, com a imposição de tarifas pelos Estados Unidos, incentiva a União Europeia a assinar o acordo.
Além das discussões com a União Europeia, o Brasil conduzirá na presidência o avanço dos trâmites para implementar um acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Live Comércio (EFTA, na sigla em inglês), composta por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.
O governo brasileiro anunciou na quarta-feira (2) a conclusão das negociações. Segundo o Itamaraty, o texto está na fase de revisão e deve ser divulgado em agosto. Ainda não há uma data prevista para que o acordo entre em vigor.
Conforme o Itamaraty, o acordo entre Mercosul e EFTA criará uma zona de livre comércio com quase 300 milhões de pessoas e um PIB combinado de mais de US$ 4,3 trilhões.
Relação com Milei
Apesar da visita oficial, Lula não tem encontro previsto com o atual presidente argentino, Javier Milei. Segundo a agenda divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência, não há reunião bilateral programada entre os dois líderes.
O presidente, no entanto, teve encontros com o presidente Paraguaio, Santiago Peña, e mais tarde deve se reunir com o líder da Bolívia, Luís Arce.
Esta é a primeira viagem de Lula à Argentina desde a posse de Milei, em dezembro de 2023.
O formato tradicional das reuniões do Mercosul prevê que apenas os presidentes, intérpretes e, eventualmente, alguns assessores próximos participem dos encontros bilaterais reservados.
Durante a campanha eleitoral, Milei fez diversas críticas públicas a Lula e ao seu partido. Em 2024, o presidente argentino chegou a visitar o Brasil, mas se reuniu apenas com o ex-presidente Jair Bolsonaro, sem contato com Lula.