Bolsonaro acompanhava espionagem de desafetos e até de ex-ministro de seu governo, diz PF

Relatório da Polícia Federal indica que ações clandestinas da chamada ‘Abin paralela’ miraram opositores e até aliados, com conhecimento direto do então presidente Jair Bolsonaro. Relatório da PF aponta que ex-presidente e seu filho definiam alvos de espionagem ilegal em esquema da Abin
Relatório da Polícia Federal no inquérito da “Abin paralela” aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro acompanhava diretamente ações clandestinas de monitoramento contra opositores e até contra ex-integrantes de seu próprio governo.
Segundo os investigadores, a espionagem visava atender aos interesses do chamado “núcleo político” da organização criminosa instalada no alto escalão federal.
Entre os alvos das operações está o advogado Roberto Bertholdo, preso em 2020 no contexto de investigações sobre irregularidades na saúde do Rio de Janeiro.
De acordo com o documento da PF, as ações contra Bertholdo e Giacomo Romeis tinham como objetivo final atingir o então ministro Onyx Lorenzoni.
A Polícia Federal afirma que a operação era “devidamente acompanhada por Jair Bolsonaro”, conforme descrito em uma anotação com o título “PR Presidente”, produzida por Alexandre Ramagem, então diretor da Abin e hoje deputado federal.
A anotação, criada em 5 de maio de 2020 e modificada pela última vez em março de 2023, continha mensagens encaminhadas ao então chefe do Executivo.
Segundo a PF, as diligências realizadas “no interesse do núcleo político” eram relatadas diretamente ao ex-presidente.
Conversas entre Giancarlo Gomes Rodrigues e Marcelo Bormevet reforçam o objetivo de vincular opositores e desafetos ao núcleo político do governo, lançando mão de mecanismos de inteligência para espionagem sem autorização judicial.